julho 29, 2008

Cheirinho de Terra Molhada

Eu estou sempre esperando a Mariana chegar e sentar-se ao meu lado e como quem passa uma carta boa, ela me deixa ver o que de tão belo desenhou na escola...Seus desenhos tem algo de mágico e delicado, o traço suave, as cores fortes. Totalmente diferente da mãe que apresenta uma inclinação fortíssima para os tons pastéis! Mas o encantamento não termina aí, pois observar seus gestos são de um prazer quase imensurável, os cabelos levemente encaracolados, o sorrisão iluminado, a ternura e o cheirinho do abraço bem apertado e do beijo de Borboleta...quase posso ver seus olhos translúcidos de um caramelado que derretem qualquer olhar gélido, me faz ter sempre a certeza de que essa cena , mesmo que corriqueira, terá o frescor de um novo encontro a cada dia. O dom encantador da Mariana foi herdado do Vinicius, que em matéria de encantamentos não me deixa dúvidas de que a vida ao seu lado foi a melhor das decisões. Todos os dias repetimos palavras, gestos, toques que só realçam o tipo de amor que buscamos e que tentamos passar pra doce Mariana. O cotidiano? Sim, ele existe, mas não nos sufoca... Pelo contrário nos deixa mais ternos uns com os outros. O cotidiano, aliás, depende muito do campo de visão e das cores com as quais presenteamos as pessoas que amamos e isso, essa visão, eu devo ao Vinícius... Quando eu acaricio de leve os seus cabelos, sempre recebo um abraço forte, porém delicado, se é que palavras tão opostas podem caminhar juntas com tamanha intensidade e desejo, que, servem muito bem para somar-se a palavra Amor. A Mariana sempre foi tranqüila, mas muito dada às amizades e principalmente as amizades familiares. Uma vez por ano temos de nos juntar aos meus queridos Mário e Fábia e a pequena Lili... A Mariana e a Lili, tem tantos assuntos quanto os meus e da Fábia...Muito boa a sensação de vê-las correndo pelas alamedas do jardim enquanto cai uma leve chuva, deixando exalar um cheirinho de terra molhada e do quanto é bom falar do amor que sentimos e das experiências de nossas pequenas Bonecas...Enquanto o Mário e o Vinícius, relembram nossas últimas férias na casa do Tom e conversam em prosa, e versam, entrelaçando nossas vidas ao cheiro inconfundível das roseiras no quintal. Tom Jobim Olha Está chovendo na roseira Que só dá rosa mas não cheira A frescura das gotas úmidas Que é de Betinho, que é de Paulinho, que é de João Que é de ninguém! Pétalas de rosa carregadas pelo vento Um amor tão puro carregou meu pensamento Olha, um tico-tico mora ao lado E passeando no molhado Adivinhou a primavera Olha, que chuva boa, prazenteira Que vem molhar minha roseira Chuva boa, criadeira Que molha a terra, que enche o rio, que lava o céu Que traz o azul! Olha, o jasmineiro está florido E o riachinho de água esperta Se lança embaixo do rio de águas calmas Ahh, você é de ninguém!

julho 27, 2008

A Rainha e a Torre

Na vida tudo é uma questão de pontos de vista como se estivéssemos num tabuleiro de xadrez, e desde pequenos todas as crianças achavam que a Rainha e a Torre seguiriam juntos na vida, pois foram feitos um para o outro; é bem verdade, que na infância as agressões mútuas ganhavam contornos de comédia pastelão tamanho eram os esforços deles para parecerem tão e tão diferentes....

O tempo passou, cada um seguiu seu rumo, lugares diferentes, amigos diferentes, mas uma verdadeira Torre sempre estará lá para resguardar a Rainha. Não importa nem mesmo se mais uma vez por ação do destino eles parecem tão geograficamente separados, afinal o encanto maior da Torre não é isolar sua Rainha e sim estender a ponte sempre que preciso.

A Rainha e a Torre.