março 20, 2008

“Velharias”

Eu estava assistindo o Sem Censura nesta tarde (20/03/08), era na verdade uma reprise de um programa que eu já havia assistido sobre a Bossa Nova, com convidados que viveram aquela data e deram o ponta-pé inicial dos primeiros acordes, logo depois deles teve uma reprise também, editada, da entrevista da Joyce para o mesmo programa que eu também já havia assistido, mas o que é bom sempre vale a pena revisitar. Só que eu não estava só, na sala me acompanhando estava minha cunhada, se não me engano ela tem seus 19 anos eu acho, ficou boba e fez um comentário pra mim, que logo tratei de opinar. Ela mencionou que como podia as coisas boas ficar tão escondidas do público? E eu lógico fui despejar toda a minha sapiência sobre música popular brasileira: a minha verdadeira paixão! E agora eu vou me atrever a ecoar o que eu penso entre os Ipês e Samambaias e outras estruturas vegetacionais do Meu Jardim. Em primeiro lugar, eu tive a dádiva de nos anos 80, conviver de perto, mesmo em tv aberta com músicos, cantores e compositores que hoje em dia só aparecem na mídia quando tentam saber com quem eles se deitam. Por influência dos primos-irmaõs mais velhos: a Cláudia e o César, sempre fui ligada em Chico, Caetano, Gil, Djavan e lógico que fui além, tipo: Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Sambas da Velha Guarda e aí de várias escolas, mesmo sendo eu uma Mangueirense fiel. Chorinho então, eu amo, só vivo de olho em novos compositores e em alguns cantores, sou amiga virtual de alguns e acompanho de mais longe os outros, vivo divulgando na minha página de perfil do orkut, lançamentos com a boa música popular brasileira, seja que gênero for, modéstia a parte sou uma divulgadora da cultura do meu país, sou ligada ao moderno, mas também as manifestações culturais e populares de raiz, que teimam em chamar folclore de forma bem pejorativa. Sou na realidade o que a cantora e “pesquisadora” (ela não gosta desse termo) de Sambas antigos, a Cristina Buarque chama de “pessoas jovens que gostam de velharias”. E realmente sempre fui motivo de ohhhhhhh entre os meus amigos que ao contrário de mim não compartilham da mesma garimpagem que eu faço frente a esses tipos de manifestações culturais, ditas de “bom gosto”. Se for bom gosto ou não eu prefiro deixar para os outros opinarem, mas aviso logo, sempre foi tranqüilo ouvir algum amigo dizer que eu sou ESQUISITA, VELHA E SAUDOSISTA. Mas não tenho nada de saudosista, procuro o novo também, mas o novo que olha para trás e que reconhece que a cultura já falou bem mais alto no nosso país. E devo confessar uma coisa bem estranha realmente: eu converso com os Poetas, Cantores, Compositores da Música Popular Brasileira, com os vivos e os mortos. Louca? Talvez...Eu penso : poxa , o Chico nunca mais compôs um Samba, aí cataplashhh o Chico lança um disco e tem lá um Samba falando coisas singelas que eu imaginei, mas que nunca saberia colocar no papel; ou então, eu penso: ai ai Tom que saudades, será que eu vou achar alguém que cante assim ou assado? e catapleshhhh pesquisando as músicas do Tom, descubro as cantoras novas que são o achado moderno dessa forma de expressar as palavras cantadas. Sou do outro mundo? Não. Vivo do passado? Não, o passado é que me faz olhar pra frente e achar que talvez ainda haja tempo de Educar as gerações vindouras. Uffaaaaa, eu falo demais né? Bom, se não conseguirem entender o texto, não se avexem não, é que tava trancado e de alguma forma, essas palavras arrombaram a porta do calabouço. Beijos musicais a todos.
Chega de Saudade
Composição: Tom Jobim e Vinícius
Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela
Não pode ser, diz-lhe numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso
Mais sofrer.
Chega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca, dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser, milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...

4 comentários:

Cobra com Asa disse...

Pra mim é muito simples: música boa não deixa de ser boa com o tempo, música boa é boa e ponto. Hoje realmente tá mais difícil de achar músicas que digam alguma coisa, ou que inovem na sonoridade:/

Mariana Pereira disse...

O que é o tempo? Eu costumo dizer que eu converso com muita gente que já se foi, entendo bem o que é isso.Idéias dialogam desprezando o tempo que as separam.E devo lhe informar que quando li o sua declaração pela boa música. Conversamos eu, Paulinho da Viola e vc mesmo sem saber. Pq ele no seu filme, "Meu tempo é hoje" termina dizendo: "Eu não vivo no passado, o passado vive em mim".Muito parecido com "o passado é que me faz olhar pra frente e achar que talvez ainda haja tempo de Educar as gerações vindouras". Estou enganada ou houve um diálogo de idéias aí?(rs)

Um beijo grande
E saibas que não está sozinha
no seu apurado paladar musical.

Mari

Fàbia Adriana Vieira disse...

O COM A fLA... o que é bom não tem idade... alias, lembrei uma diferença gritante entre nós: Vc ama Roberto e eu n! Se bem que tenho os meus motivos... Lembrei isso pq eu um de nossos poucos encontros vc disse que adirava a musica amazonia, lembra?? Eu prefiro as mais antigas... mas num sou fã, não!!!!

Fàbia Adriana Vieira disse...

Sabe, eu tocomeçando a cahar que gostar de roberto carlos tem a ver com envelhecer...ou rejuvenecer, dependendo de sobre quem se fala...
é que tem um tipo de amor que só se entende na "maturidade dos anos 80", como diz aquela musica de Roberto...
Os jovens de agora terão que esperar o momento certo para viverem o que os antigos jovens (da guarda)...
Filosofia fina hen!!!