A imaginação é mesmo uma arma, a mais valiosa de todas! Foi
usando a minha que desde criança não me senti só. Minha imaginação tratou de
parir uma amiguinha chamada Ninim que me acompanhava nas brincadeiras – agora
entendo por que falo sozinha às vezes – me ajudando a comer o lanchinho da
tarde, que segundo minha mãe tudo que era para mim era em dobro, claro tinha a
Ninim e ela nunca me faltou!
Até quando eu patinava, ela estava presente, o máximo ter
amiga imaginária e olha que eu não sou filha única, embora ter tido um irmão
nunca me ajudou muito no quesito salve-se da solidão!
Mais bastou eu crescer para a Ninim me largar, acho que
minhas brincadeiras e meus interesses mudaram demais e ela não suportou, não me
suportou rsrs. Depois de um tempo mainha me revelou que quando estava grávida
de mim nas últimas semanas de trabalho, uma amiga de escritório incorporou uma
menininha e com voz de criança que começou a falar comigo – dentro da barriga
da minha mãe – e disse que era minha amiguinha e que iria ficar um tempo
comigo, e lógico se chamava ...Ninim! Me arrepiei ao ouvir a história...não
lembro muito da minha amiguinha mas se ela se dedicou a mim deve ter tido um
bom motivo!
Certo tempo depois, já na faculdade, precisei fazer um
trabalho e indo até a Biblioteca Central abri um livro qualquer que tinha uma
dedicatória: “Eu vivi até minha quarta primavera e precisei ir embora mais
quando você lembrar-se de mim espero que seja com carinho. Ass. Ninim.” Fechei
os olhos ainda prendendo as gotas de lágrimas que chegavam...voltei no tempo
mas não conseguir lembrar quem comia os lanches duplos!